Introdução
Já pensou em aprender mais sobre o processo seletivo para as Olimpíadas Internacionais de Química? Durante a seletiva, não são exigidos apenas conhecimentos técnicos em química, mas também outras habilidades fundamentais, como a interpretação de questões complexas e o gerenciamento de tempo. Essas competências são essenciais para alcançar um bom desempenho nas diversas etapas das competições.
Neste guia para as Olimpíadas de Química, oferecemos uma visão completa de como funciona o processo seletivo, desde as primeiras fases, como a OBQjr (Olimpíada Brasileira de Química Júnior) e as fases estaduais da Olimpíada Brasileira de Química (OBQ), até as seletivas para competições internacionais, como a IChO (International Chemistry Olympiad) e outras olimpíadas internacionais de prestígio.
O que é a OBQ?
Primeiramente, devemos falar sobre o programa nacional de olimpíadas de química, PNOQ. Essa organização é a responsável pela direção e aplicação dos testes que selecionam os alunos que representarão o Brasil em olimpíadas internacionais de química. Assim, a Olimpíada Brasileira de Química (OBQ) é o coração do PNOQ haja visto que dela sairá o time Brasil de diversas competições internacionais. Ela possui modalidade A (alunos o 1° e 2° ano do EM), da onde saem os alunos para as fases IV, V, e VI, e a modalidade B (alunos do 3° e 4° ano do EM)
A OBQ conta com , no total, 6 fases. As duas primeiras são estaduais e cada estado aplica a avaliação da maneira que desejar para selecionar os estudantes que o representará na fase nacional, fase III. Depois da fase III temos as fases IV, V, e VI que são as definidoras da seletiva. Vale lembrar que estudantes do 9° ano que obtiverem nota 80 ou mais na OBQjr já entram automaticamente na fase III do ano seguinte.
Antes de prosseguirmos devemos falar um pouco sobre as olimpíadas internacionais que o Brasil está convidado a participar. Atualmente são 3 principais:
- IChO: International Chemistry Olympiad. É a olimpíada internacional mais tradicional que temos. São classificados os 4 primeiros da fase VI. Para que o estudante possa ir para essa olimpíada, ele não pode completar 20 anos na data, ou antes, da competição.
- IMChO: International Mendeleev Chemistry Olympiad. O Brasil foi convidado para essa internacional recentemente e nossa primeira participação será em 2023. O time brasileiro é composto pelos 4 melhores da fase IV.
- OIAQ: Olimpíada Ibero-Americana de Química. Essa é a competição mais voltada a países sul-americanos e da península ibérica. representarão o Brasil nessa competição do 5°-8° colocados da fase VI. Para estar apto a competir, o aluno não pode ter 19 até 1° de outubro do ano de realização da OIAQ.
Detalharemos as diversas fases da OBQ e a OBQjr a seguir.
Como funciona a OBQjr?
Entrando mais no mérito de como entrar para a OBQ fase III, já foi discutido que existem duas maneiras: Fases estaduais (fases I e II) e a grandiosa OBQjr. Aqui, detalharemos como funciona todo o processo da OBQjr.
A OBQjr é uma olimpíada que atualmente é voltada para alunos do ensino fundamental II (6° ao 9° ano). Dessa maneira, o conteúdo abordado por ela não passa do básico de química geral e um pouco de inorgânica.
Ela, recentemente, tem sido realizada em duas fases de caráter 100% online. Na 1° fase temos uma prova com 2h de duração e 20 questões objetivas para o aluno responder. Ao passar para a 2° fase o aluno irá responder a uma prova com 20 questões objetivas e 3 questões abertas em 3h. Note que na 2° fase, as questões objetivas valem 40 pontos enquanto as 3 abertas valem 60 pontos dos 100 totais do teste.
A premiação é feita na seguinte proporção 1:2:3 de medalhas de ouro, prata e bronze. Assim, atualmente, temos 50 ouros, 100 pratas e 150 bronzes, além de 700 menções honrosas. Como dito anteriormente, para o aluno ir para a fase II da OBQ, ele deve estar no 9° ano e ter feito uma pontuação mínima de 80 pontos na segunda fase.
Como funcionam as seletivas estaduais?
As fases estaduais são outras formas de um aluno se classificar para a fase III da OBQ e são as que mais classificam estudantes para a fase nacional. Como o nome já deixa claro, as fases estaduais não estão sob direção direta do PNOQ, mas sim das coordenações estaduais de cada estado. Por esse motivo, o processo seletivo pode variar de estado para estado.
Estas provas geralmente estão mais voltadas para alunos do ensino médio, porém, alunos de 8° e 9° ano também podem participar. Dessa maneira, o conteúdo pragmático se parece muito com os conteúdos de vestibulares nacionais. Note que o conteúdo pode variar de estadual para estadual.
A prova varia muito a depender do estado, contudo, o PNOQ disponibiliza um teste universal para todas as coordenadorias estaduais. Portanto, elas podem escolher se vão usar o teste como seu processo seletivo ou se farão dele apenas uma fase do processo geral. Entretanto, é bom checar o site da estadual do seu estado ou perguntar ao seu coordenador para saber como é o processo específico adotado no seu estado.
Agora, vejamos como funciona o processo de uma estadual real, vamos pegar o exemplo da seleção do estado de São Paulo. Para classificar-se para a segunda fase da regional de São Paulo, há 5 “ caminhos”: a redação, o vestibular como treineiro para a FUVEST, o Torneiro Virtual de Química, a Olimpíada Regional de Química e a seletiva estadual unificada.
- A redação classifica 150 alunos para a fase II, sendo 85 da 2ª série ou anterior e 65 da 3ª ou 4ª série do ensino médio técnico. A redação é dissertativa-argumentativa com um tema a cada ano.
- O vestibular da FUVEST classifica os 40 melhores treineiros paulistas inscritos nas carreiras de Biológicas ou Exatas.
- O torneio virtual de química seleciona 8 estudantes, sendo 4 do 1º ano e 4 do 2º ano.
- A Olimpíada Regional de química indica 4 paulistas para a segunda fase.
- A seletiva estadual unificada seleciona 60 estudantes da 2º série ou anterior e 40 estudantes da 3º série ou 4 ano técnico para a segunda fase.
Os alunos selecionados para a segunda fase, competem em seus respectivos níveis em uma prova realizada em um sábado na primeira semana de junho no Instituto de Química da USP.
Premiação OBQ
Para 2ª série ou anterior, são distribuídas 10 medalhas de ouro, 20 de prata e 40 de bronze para os melhores colocados. Para 3ª ou 4ª série, são distribuídas 6 medalhas de ouro, 14 de prata e 30 de bronze. Totalizando 120 medalhistas que serão convocados para a fase III da OBQ.
Para agraciar os primeiros lugares de cada nível, os prêmios Professor Geraldo Vicentini e Talentos são dados respectivamente para os melhores colocados da 2ª série ou anterior e 3ª série. Além disso, temos o prêmio mulheres destaca as melhores estudantes de cada nível, e o prêmio destaques agracia os melhores estudantes das escolas públicas de São Paulo.
Caso você faça a fase estadual de um estado pertencente à região norte ou nordeste do Brasil, você poderá se classificar para a ONNEQ (Olimpíada Norte e Nordeste de Química). O conteúdo abordado nessa olimpíada se parece muito com o da mod B da fase III. A ONNEQ não é classificatória para nenhuma outra olimpíada e existe para incentivar o conhecimento olímpico nas regiões norte e nordeste do país. Nela, os 15 melhores recebem medalha de ouro, outros 30, medalha de prata, e 45 bronzes.
Como funciona a OBQ fase III?
A fase III é a tão querida fase nacional. A prova em si é composta por 10 questões objetivas, que valem 40 pontos, e 6 questões abertas, que somam 60 pontos. Vale ressaltar que na parte fechada, cada questão certa conta como +4 pontos e cada errada vale -1. Assim, chutar não é uma ideia recomendável.
Na fase III existe uma subdivisão entre mod A e mod B. Na mod A temos a abordagem de conteúdos de química geral, físico-química (incluindo eletroquímica) e química inorgânica em um nível mais acima dos vestibulares nacionais. Na mod B temos o conteúdo da mod A somado a química orgânica.
A fase III atualmente é uma prova de agilidade, já que são três minutos para cada questão. Veja que questões em branco são anuladas. E a pontuação da fase III é parametrizada de acordo com a melhor performance, ou seja, se você tirou 75 pontos na prova, mas o melhor estudante fez 90 pontos, sua nota é 83,3.
O uso de livros de Ensino Superior de química geral tem o objetivo de entender melhor conceitos que são explicados de maneira superficial no Ensino Médio normalmente, como as ligações químicas e os modelos atômicos. Além disso, ajuda a entender melhor a físico-química por apresentar a visão termodinâmica que não é abordada normalmente, como entropia e energia livre de Gibbs.
Algo notável é que, mesmo não sendo abordado na mod A da fase III, é bom começar a criar uma base em orgânica desde cedo. Isso porque, nas fases posteriores da seletiva, orgânica se torna facilmente um dos conteúdos mais difíceis e abordados da prova. Assim, nunca esqueça a orgânica.
A premiação da fase III agracia os estudantes com melhores notas com medalhas de ouro, prata, bronze e certificados de menção honrosa. A proporção é de 1:2:3 em medalhas de ouro, prata e bronze respectivamente, atualmente são 20 ouros, 40 pratas e 60 bronzes. O número de medalhas pode ser aumentado se houver diferença de menos de 1% entre as notas dos dois últimos agraciados. Além disso, os alunos agraciados com medalhas na mod A estão classificados para a fase IV da OBQ.
Como funcionam as fases IV, V e VI?
De agora em diante falaremos das fases IV, V e VI que são as etapas mais definidoras no processo de seleção para as olimpíadas internacionais de química.
Primeiramente vamos falar um pouco da prova da fase IV.
Ela é uma que possui no total 3 questões abertas para serem respondidas com base em um vídeo em 4 horas de prova. Você pode até pensar que 3 questões é muito pouco para 4 horas, contudo, deve-se levar em conta que cada questão dessa tem em média 10 itens e que elas são de alto nível. Note que cada questão equivale a uma prática laboratorial diferente mostrada no vídeo, assim, no total, temos 3 experimentos mostrados nesse vídeo.
Bom, o nível da fase IV é, sem dúvidas, um nível consideravelmente além do ensino médio, haja visto que o foco dessa prova são práticas de laboratório e química analítica. Vejamos o exemplo da prova da fase IV de 2023. Nela, tivemos uma questão envolvendo orgânica no geral (desde isomeria até reações), uma envolvendo a permanganometria com cinética química, e outra envolvendo calorimetria. Logo, podemos ver que a fase IV é uma prova bem diversa.
O conteúdo a ser abordado na fase IV é aquele que foi cobrado na mod b da OBQ somado com conhecimentos de laboratórios e química analítica. Bons exemplos de conteúdos “novos” que são abordados na fase IV são:
- Cromatografia
- Iodometria
- Espectrofotometria
- Testes orgânicos
- Marcha analítica
- Nome de vidrarias e equipamentos de laboratório
- Permanganometria
A média final da fase IV é dada por:
0,3 x (Nota final da fase III) + 0,7 x (Nota final da fase IV) = Média final da fase IV
Veja que a “Nota final” citada acima é a nota parametrizada de cada prova. Note também que a montagem do ranking final de classificação dos alunos é feito com base na média final da fase IV de cada um. Avançam adiante para a fase V os 15 melhores classificados na fase IV. Além disso, atualmente, as 4 melhores notas na fase IV são selecionadas para representar o Brasil na IMChO.
Falaremos agora um pouco mais sobre como funciona a fase V.
A querida fase V ou Curso de Aprofundamento e Excelência, é o momento em que o top 15 da fase IV tem cerca de 2 semanas de aulas com professores universitários de universidades parceiras do PNOQ. Essas aulas são compostas primariamente pela resolução dos problemas preparatórios da IChO do ano em questão e aprofundamento no conteúdo abordado por eles. O objetivo do curso é preparar esses estudantes tanto para a IChO quanto para a fase VI.
Mas afinal, o que seriam esses problemas preparatórios? Os problemas preparatórios são problemas montados pela comissão organizadora da IChO que abordam um conteúdo que pode cair na competição. No início dele temos uma parte dizendo o que será e não será, abordado na internacional. Por isso, essa lista de questões é como um guia tanto para a IChO em si quanto para a fase VI.
Diferentemente do que alguns podem pensar, a fase V tem um caráter eliminatório, ou seja, podemos ter eliminação de participantes. O “corte” para não ser eliminado é ter uma carga horária de 75% do curso. Feito isso, o competidor está classificado para realizar a prova da fase VI.
Falaremos agora da última fase da seletiva, a fase VI.
A fase VI consiste em uma prova com duração de 5h, sendo um teste no estilo IChO. Com 7-10 problemas em média porém com vários itens em cada questão. Uma prova estilo IChO tem mais de 40 páginas. As questões geralmente são baseadas nos tópicos dos Problemas Preparatórios e em aulas ministradas no curso.
As questões no estilo IChO são abertas e objetivas, de forma que não há argumentação com palavras mas sim com símbolos. Isso tem dois motivos: a prova é muito corrida e em um âmbito internacional os corretores, os quais são do país organizador, nem sempre saberão nossa língua. Então, não escrevemos algo “como a energia livre de gibbs é positiva” mas sim “Delta G > 0 => “
Além disso, no estilo IChO, os problemas correspondem a uma porcentagem da nota total de 100. Os problemas têm escores individuais , de forma que, para calcular a nota, devemos somar os escores individuais da questão, calcular a porcentagem feita na questão e calcular o quanto isso equivale na prova.
Por exemplo, o problema 1 da fase VI 2021 equivalia 14% da prova e tinha 7 itens. A nota máxima no problema era 100, sendo que cada item tinha sua pontuação específica. Suponha que você faz 80 escores de 100. Isso equivale a 80/100*14=11,2 pontos da prova.
A nota da fase VI é a nota da prova parametrizada como nas fases anteriores. A seleção dos alunos para as olimpíadas internacionais é feita considerando a nota da seletiva antes do curso (com aqueles pesos de 3 e 7 para as fase III e IV respectivamente) e a nota da fase VI.
A nota da fase VI tem peso 2 enquanto a nota da seletiva antes do curso tem peso 1. Os estudantes com as quatro melhores notas são classificados para a Olimpíada Internacional de Química. Os 5º, 6º, 7° e 8° colocados são classificados para a Olimpíada Iberoamericana de Química.
Essa é toda lendária a jornada da seletiva de química que um aluno percorre desde uma olimpíada estadual, ou OBQjr, até uma internacional.
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Para as últimas informações das Olimpíadas de Química, acesse o site oficial da olimpíada PNOQ.
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